Quando a Teoria Não Basta: Como Perceber Que Você Precisa Mudar
- Jackson Dias
- 17 de abr.
- 3 min de leitura
Atualizado: 28 de abr.

Eu tinha 27 anos, pesava 60 quilos e media 1,87m. Estava extremamente magro, debilitado, mas — acredite — eu não conseguia enxergar isso. Aos meus olhos, estava tudo bem. Eu trabalhava com palestras sobre saúde, visitava igrejas e empresas por todo o Mato Grosso, e milhares de pessoas ouviam o que eu dizia com atenção. A teoria, eu dominava. O problema era a prática.
O Especialista se Esqueceu de Si Mesmo
Apesar de estar ensinando saúde, eu mesmo não vivia o que pregava. Não por hipocrisia, mas por cegueira. Eu realmente não percebia o quanto meu corpo e minha mente estavam sofrendo. Só fui me dar conta disso anos depois, ao olhar fotos daquela época. Vi claramente o semblante triste, a aparência cansada, o olhar vazio. Eu estava péssimo.
Gente, eu estava péssimo. Eu precisava de ajuda. Precisava melhorar. Mas não via como isso era possível. É como se fosse outra pessoa vivendo aquela realidade — uma versão minha que eu simplesmente não conseguia reconhecer.
O filósofo Arthur Schopenhauer dizia:
“A saúde não é tudo, mas sem ela, tudo é nada.”
E foi exatamente isso que experimentei: mesmo ajudando os outros, eu não tinha forças para ajudar a mim mesmo.
Quando o Sofrimento Vira Parte da Rotina
Essa experiência me ensinou algo profundo: às vezes, a gente se acostuma tanto com a dor que ela parece normal. Como na história do cachorro que deitava sobre um prego — toda vez doía, ele latia, mas continuava ali, porque já havia se acostumado com aquela dor. E muitos de nós vivemos assim.
Pessoas que crescem em ambientes adoecidos — famílias com obesidade, ansiedade, vícios ou relações tóxicas — podem achar que aquilo é o normal. Que aquele corpo, aquela rotina, aquela dor silenciosa fazem parte da vida. Não fazem. Mas é preciso consciência para enxergar isso.
O psiquiatra suíço Carl Jung nos lembra:
“Aquilo que você nega, o subjulga. Aquilo que você aceita, transforma.”
Durante muito tempo, eu neguei minha condição. Ignorava os sinais do meu corpo e da minha alma. E só comecei a mudar quando fui capaz de olhar para mim com honestidade.
A Ilusão do Controle e o Autoengano
Vivemos muitas vezes em piloto automático, repetindo padrões, negligenciando nossa saúde, nossos sentimentos, nossas necessidades. Quando isso acontece, como disse Friedrich Nietzsche:
“O homem é uma corda estendida entre o animal e o além-do-homem — uma corda sobre um abismo.”
Estamos sempre entre o que somos e o que poderíamos ser, equilibrando-nos entre o conforto do conhecido e o risco da transformação.
Mas não há mudança sem desconforto. E, às vezes, a vida nos empurra para isso através de uma crise — uma perda, uma desilusão, uma doença. Muitos só começam a cuidar do corpo depois de uma decepção amorosa, ou o susto de um infarto por exemplo. O golpe dói, mas desperta.
O Espelho Que Confronta
O espelho é implacável. Ele não mente. E é nele que precisamos nos encarar e dizer:
“Eu não vou continuar assim. Eu quero mudar. Quero transformar minha vida. Quero me tornar uma nova pessoa.”
Essa decisão, simples na teoria, é uma das mais difíceis de se colocar em prática. Porque mudar exige coragem. Exige romper com o que nos adoece e, muitas vezes, com quem nos adoece também.
Jean-Paul Sartre dizia:
“O inferno são os outros.” Mas às vezes o inferno somos nós mesmos — presos nos nossos hábitos, desculpas e traumas não resolvidos.
Nunca Mais o Mesmo
Hoje, quando me olho no espelho, lembro de onde vim. Não com culpa, mas com gratidão. Porque aquele eu do passado me ensinou a importância do autocuidado, da humildade e da transformação.
E por isso eu afirmo com convicção:
Nunca mais serei aquela versão de mim mesmo. A partir de hoje, escolho ser diferente. Escolho viver.
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